domingo, 15 de novembro de 2009

A Luxúria

A Luxúria pode traduzir-se em ter mais olhos que barriga...
ou, ainda, muita parra e pouca uva.

Porque devemos concentrarmo-nos naquilo que estamos a fazer, se queremos atingir bons resultados.
Todos sabemos que, com a continuação, alcançamos mais facilmente os objectivos, melhoramos as performances.
Mas, temos que treinar todos os dias, várias horas...bem, convém, também, não exagerar.

Tirando o Phelps, nenhum atleta é campeão em várias modalidades e, mesmo assim, no caso dele, são todas dentro de água.
Ora, num jacuzzi, também eu. E tem-se sempre a desculpa, se for preciso, do meio líquido.
Muito quente, demasiado relaxante. Muito frio, inibidor em demasia.

Agora, a Luxúria é não ter mãos a medir. Nem mãos, nem pés, nem nada...

É, no meio da confusão, começarmos a afagar, deliciados, umas nádegas e cinco minutos depois, percebermos que são as nossas.
É participarmos numa partouze e, de repente, olharmos para baixo, ou para cima, e darmos de caras, ou coroas, com a professora de matemática do nosso filho ou, pior ainda, com a nossa ex-professora.

A Luxúria, para mim, é como um banquete de casamento. Muita mayonaise pouco fresca, muito marisco fora de prazo, a vulgaridade dos rissóis e uma mesa de doces com muitas cores e formas, mas a saberem todos ao mesmo.

A Luxúria é o João do Grão ou o Enfarta Brutos. Come-se melhor na Bica do Sapato ou no Pap'Açorda.
Porque eu prefiro comida gourmet, de degustação...Slow-food, ou como lhe quiserem chamar.
Já os nossos Pais, ou Avós, depende, iniciavam a sedução ao som de um slow.
E eles, que nas estradas não ultrapassavam os 50Km à hora, sabiam da poda.

A Luxúria é como La grande Bouffe, uma orgia de sabores. Eu opto pelo Chocolate, da Binoche.
Os italianos, mestres na arte desde Casanova, servem sorbet de limão, entre os pratos, para que o palato se prepare para a nova iguaria.

Façam o mesmo, leiam a revista do Expresso ou o Paul Auster, ouçam Brahms ou Bethânia, como intermezzo, antes de iniciarem tudo outra vez.
Digo eu...

Le Marquis

4 comentários:

  1. A revista do Expresso já não é um "sorbet" de limão...
    E já agora, experimentem ouvir a cena final da "Salomé", de Richard Strauss!
    Luxúria em estado de graça...

    PS Se eu fosse o Alvega, punha já aqui um "link" para uma interpretação de excelência!
    Conto com ele!
    Infelizmente, ainda não cheguei aí...

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  2. Okies, aqui ficam a final scene da Salomé, pela

    Karita Mattila

    e


    'Deine Mund begehre ich, Jochanaan' ,

    com a Teresa Stratas, o Bernd Weikl e o nunca por demais chorado Böhm com a Wiener Ph.

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  3. Ah, e a luxúria, para mim, é uma daquelas coisas pela qual vale renunciar às convicções e literalmente, perder a cabeça.

    :-)



    Troco dois segundos disso por uma vida inteira de aborrecimento...

    :-))

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  4. Obrigada, Alvega mas, um bocadinho ao lado...
    O que eu queria mesmo, mesmo, era a final scene 2/2 da Karita Mattila, ou a 3/3 da Stratas:

    I have kissed thy mouth, Jokanaan
    I have kissed thy mouth
    There was a bitter taste on thy lips
    Was it the taste of blood?
    No!
    But perchance it is the taste of love...
    They say that love hath a bitter taste...
    But what of that?
    ...
    I have kissed thy mouth, Jokanaan
    I have kissed thy mouth!

    Mas, não vamos maçar mais estes senhores...
    É ópera a mais...

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